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Estado laico sim, Estado e Civilização laica jamais! |
Do Imaginário de massa
A verdade só assim é estabelecida quando representa a realidade – ou em outras palavras – a verdade é a forma da linguagem humana em que se exprime o real. Muitos conceitos do imaginário brasileiro encontram-se tão ferreamente fixos e em sintonia ao redor do país que podem ser coadunados num senso comum tão unívoco que sua quase materialidade o leva a valer como verdade estabelecida. Quando essa verdade se apresenta como uma conclusão que prescinde de suas premissas, então temos uma situação característica do senso comum – e muito perigosa, diga-se por sinal. Só há pouco tempo alcancei abertura intelectual suficiente para notar que o perigoso nesse senso comum brasileiro não é o caráter “comum” desses julgamentos, mas sua crescente uniformidade.
CC-BY-SA 3.0 Érick Delemon & Martinultima. (Based on Answer to Life)
A verdade se expressa com autoridade divina
Há muito planejo escrever este texto, e as discussões recentes sobre aborto quando da disputa eleitoral para presidente, são um reforço para as observações do fenômeno. Vamos então.
Do caráter laico
Pois bem que lembro-me de quando algum vereador local desejava inscrever na bandeira municipal algum inscrito que citasse Deus. Ao que logo eu disse: “mas é loucura, o Estado deve ser laico!” Hoje vejo o quão infectado pelo duplipensar eu estava; uma confusão dos diabos. Claro que se tratava simplesmente de um caso de ignorância enciclopédica. Tivesse ficado restrito à minha pessoa ou jovens revoltadinhos no país não haveriam tantos problemas… agora, quando essa ignorância patológica causada pelo vírus da doutrinação política de massa alcança os postos do Ministério Público, então estamos todos em perigo. O alegado foi:
Quando o Estado ostenta um símbolo religioso de uma determinada religião em uma repartição pública está discriminado todas as demais ou mesmo quem não tem religião afrontando o que diz a Constituição
Mas olha só se não é o monstro do politicamente correto atacando de novo! Confundir a presença da religião nas instituições políticas com o poder religiosamente outorgado só pode ser fruto duma alma infectado pela novilíngua politicamente correta. Atribuir à laicidade as características de inexistência de símbolos formadores da cultura do país é lhe forçar o aspecto ateístico nessas instituições.
Ora, obviamente o Estado laico foi o primeiro a garantir a tolerância a todos os símbolos e expressões religiosas – jamais a sua inexistência no corpo político. Afinal o corpo político só pode responder por um povo como seu representante se ele minimamente plasmar os símbolos criados por aquela cultura. Do contrário nenhuma monarquia, império ou república teria sequer surgido na história da humanidade, pois elas se alimentaram dos símbolos criados pelos seus povos – somente existiriam os totalitarismos que visam afirmação inicial e criam seus símbolos ad hoc constitutum.
Em suma, desejam mostrar que a religião não pode influenciar as instituições. Mas o laicismo defende que as igrejas (e cultos) se abstenham de meter o bedelho na política. Ou seja, o Estado laico somente deve impedir um embate de forças entre instituições, enquanto que a religião (em sentido amplo) não é uma instituição – mesmo que seja librada em uma. Afinal, impedir a religião influencie nas instituições é uma impossibilidade material! Afinal, se alguém quiser votar num candidato x só por que ele afirmou se mostra como um proeminente defensor da religião y não haverá nada legalmente (moral, etica e politicamente) errado nisso. E se o senhor x apresenta um projeto de lei que pareça correto ante seus eleitores justamente por que deseja colocar/mudar uma prática na sociedade que sua religião entende como danosa ou saudável para o povo, também não há absolutamente NADA DE SE REPROVAR enquanto a vida religiosa é TAMBÉM matéria do campo político. Os senhores eleitos na política nacional são mostra da história e dos anseios da maioria que os escolheu para representá-la; com os símbolos religiosos se dá o mesmo: estão lá como mostra da história e dos anseios de representação dos membros da nação.
O próprio uso da palavra “discriminado” na colocação do procurador mostra em que nível do subconsciente a novilíngua politicamente correta já penetrou. Não é culpa dele (na verdade também, mas finjamos que ele está incólume sob a massa de falantes). Sob essa massa tagarelante, muito inteligentes, mas coletivamente imbecis, realizam um movimento de revolução da língua à lá 1984: antes, distinguir e diferenciar eram os sinônimos de discriminação. Hoje – na melhor das hipóteses – são eufemismos; pois sinônimo de discriminar agora é ação ou omissão violadora do direito das pessoas com base em critérios injustificados e injustos tais como: raça, sexo, idade, crença, opção religiosa, nacionalidade, etc…[ocareté] Simples assim!
A inversão vernacular começou na Constituição da República, lá grudou e passou pra linguagem cotidiana – justo quando o Brasil deveria dar o exemplo contrário. Agora toda gente dize que não discrimina os outros. Ahh, pena que na minha cabeça conservadora eu entenda – ainda teimosamente – que toda essa gente quis dizer que não consegue distinguir um ser humano do outro. Errado sou eu que leio denotações em textos não-literários! Que pecado comete esse liberal (no sentido [oh!] do dicionário).
Do caráter ateu
Pior é o meu espírito reacionário que não consegue entender o ateísmo como uma não-crença, mas uma crença em coisa outra que não Deus. Analisando friamente, a exigência de esteios científicos da matéria religiosa é uma hipocrisia, visto que a matéria científica é tão ou mais necessitada de uma crença quanto qualquer fé religiosa – afinal a ciência é baseada numa combinação de experimentos indutivos analisados sob perspectivas lógicas. Uma matéria (a Lógica) que não pode ser explicada pela ciência, somente precisa ser aceita, credulamente como o meio mais seguro pra se chegar a uma verdade.
E hoje, tendo estudado um pouquinho de Hume, vê-se precisamente isso pelo seu empirismo radical: Admite que a ciência é o melhor método de conhecer qualquer coisa. Mas essa própria afirmação não pode ser provada pelo método científico! E qualquer coisa que não esteja sob a compreensão da ciência não é portanto objeto possível de qualquer investigação. Que fetiche de método. Ou se é um crente na ciência e (livre-se Deus) na vox populi – no homem – ou se é um crente em Deus.
O ateísmo é afinal uma crença que comunga gente que crê na ciência ou na razão humana; ou gente que – tentando explicar a origem, o tempo e o espaço – apela para auto afirmação: o universo teria surgido sozinho, do nada! Outros, que não querem ir por esse caminho e levar uma cacetada de 5 mil anos de Parmênides, creêm ou supõem tudo quanto é tipo de força criadora e outros deuses surgem em cena. Quando tentam raciocinar ad absurdum para mostrar a impossibilidade de um Deus, já erram no início ao especular sobre um serzão.
Seu erro, obviamente, é tomar Deus pelas medidas de si próprios: os critérios de omnisciência, omnipotência, omnipresença e eternidade são tomados como mero superdimensionamento de suas próprias capacidades demasiado humanas. Faltando ainda do aspecto cristão do Deus-amor, o resultado só poderia ser um deus tão materialista quanto eles próprios: um Dr. Manhattan que poderia nos abandonar por Marte a qualquer instante.
Novamente, retorno a Hume. Quando ele diz que seu método é o melhor, mas não consegue provar isso pelo próprio método, ou se acredita nele, ou você não brinca! Se concorda com essas premissas, você logo entenderá o sistema dele como uma perfeito construto filosófico. Até porque ele mostra que Deus, é, como disse no parágrafo anterior, somente uma ampliação das ideias de presença, poder, bondade, e duração; uma ideia complexa, que pode ser composta em ideias simples, e traçadas às suas correspondentes impressões. Nada mais.
Pois bem, voltando ao caso do ministério público: por ainda existir alguém com inteligência e honestidade suficiente na Justiça, os símbolos foram mantidos. Finalizemos! Quando digo: Estado e Civilização laica jamais! Estou justamente falando para aqueles que querem que os atuais candidatos à presidência parem de discutir a questão do aborto: ELES NÃO PODEM PARAR, é a primeira vez desde a chamada (por motivos desconhecidos) de redemocratização em que uma eleição se faz por motivos não ideológicos, por motivos que tocam o dever-ser para a concepção do brasileiro.
É nesse momento que se vê a verdadeira vontade do povo de definir como será o Estado em que viverá! Claro que os presidenciáveis não podem só falar disso. Mas abster-se do assunto é justamente não fazer política e fazer administração pura e simplesmente (ao contrário do que pensam os imbecis coletivo). Administração por administração eu voto em algum empresário com visão bem prática dos problemas e pronto. Mas política, voto naquele com melhor posição no debate de visão do país, de projetos a longo prazo, de mudanças que se realizadas não podem ser revertidas: isso pesa.
De modo que: achar que não se deve discutir o aborto nas eleições é burrice pura. Porque faz parte do cotidiano do brasileiro tanto quanto transporte, educação e saúde. Porque o Estado pode até ser laico, mas o povo não o é, e o dia que for, não haverá civilização! Não haverão símbolos nem cultura a que se referir, reproduzir ou mesmo gerar: só um bando de gente que vive para o hoje e sobrevive apesar dos outros. Qualquer semelhança com o materialismo (vulgar e filosófico) dos dias correntes, não é mera coincidência!
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Com Brasil na censura, não há quem possa |
Tenho o desprazer de informar que os compatriotas vivem numa das nações livres mais censuradas do mundo! Contradição em termos? Claro! Mas é esse o caso! A recente ferramenta do Google, Google Government Requests, mostra a quantidade de pedidos governamentais de retirada de serviços ou fornecimento de informações sobre usuários dos serviços e produtos Google. Essa ferramenta nos mostra porque essa contradição em termos explica o Brasil: é o país com maior quantidade de pedidos governamentais. Esses pedidos expressam decisões judiciais e pedidos diretos de agências governamentais; de modo que podemos supor que as decisões judiciais se incubem do cumprimento da lei e/ou disputa entre partes privadas e consequentemente os demais pedidos são ou bisbilhotagem seguida (ou não) de deleção de conteúdo por ordem governamental, esta última compondo a direta relação de ação de censura na rede.
Claro que a China deve liderar a quantidade de pedidos de informações de usuários e bloqueio de conteúdos, mas a própria forma de funcionamento do Google lá já dificulta o lastreamento do que é pedido judicial e o que é pedido governamental – além de considerar esses dados sobre censura como segredos de Estado. É o que acontece numa sociedade comunista: retoricamente justifica (futuro) o desaparecimento do Estado com sua hipertrofiação, de modo a incluir o poder judiciário sob o mando executivo. Motivo pelo qual os dados chineses são apresentados por uma interrogação.
Acima mencionei bisbilhotagem e deleção de conteúdo. O Google afirma trabalhar numa outra ferramenta para mostrar os bloqueios e pedidos de bloqueios por parte dos governos e suas agências no mundo. Enquanto isso, para melhor entendimento da ferramenta de requerimentos, há que se salientar algumas coisas:
- Os dados só são relativos ao período que vai de 1 de Julho de 2009 a 31 de Dezembro de 2009, ou seja 6 meses.
- Há limites para o que esses dados querem dizer: afinal um único requerimento do governo (ou da justiça) pode pedir informações de mais de um usuário ou remoção de mais de um nicho de conteúdo (como vários vídeos do YouTube).
Sabendo disso, não podemos simplesmente falar que o Brasil tem mais pedidos e é simplesmente o país mais censurado da Internet. Temos que fazer algumas observações gerais, que o próprio Google se deu o trabalho de fazer; mas que trarei conforme prosseguem as análises dos dados.
Vamos então aos dados dos EUA! Segundo a ferramenta da empresa, os EUA contam com 3580 pedidos de dados (informações sobre usuários) – um número altíssimo que só perde (por pouco) do Brasil. No entanto, tem poucos pedidos de remoção de conteúdo: retirando a ordens judiciais (por motivo que já expliquei acima), temos 79 pedidos. Olhando a situação dos EUA atualmente, temos a impressão de que esses dados confirmam certo modo de estar norte-americano: os serviços de Inteligência estão precisando manter grande quantidade de informações sobre as pessoas. Mas esse governo bisbilhoteiro não precisa tanto remover conteúdo – por enquanto, um motivo que pode explicar isso é a presença de bloggers sock-puppets, leia-se “infiltrados”: melhor converter a oposição ou fazê-la midiaticamente insignificante do que removê-la bruscamente.
Vamos à Inglaterra, que está num caso similar aos EUA. Muitos pedidos de dados sobre usuários: 1166, mas 49 requerimentos para remoção de conteúdo (excluindo-se as ordens judiciais). Notando o caso atual da regulação da Internet na Inglaterra, me parece natural que dessas 49 remoções desejadas, 43 sejam relativos ao YouTube. O que faz com que o caso do Reino Unido seja – como no caso dos EUA – de importância, mas ainda não alarmante.
Vamos a Alemanha. Apresenta um caso curioso, e diferente dos EUA e Inglaterra: enquanto estes tinham altos índices de pedidos de dados, haviam poucos de remoção de conteúdo. Na Alemanha há (relativo aos anteriores) pouquíssimos pedidos de dados de usuários: 458, mas muita remoção de conteúdo: seriam 188, perdendo só para os 291 do Brasil; mas quando levado em conta os pedidos judiciais, os 188 caem para 79 como os EUA. Essa estrutura diferente do Alemanha se deve ao fato de que 11% das remoções se devem à violação das leis de proibição de conteúdo pró-Nazista e negação do holocausto – conforme o próprio google diz.
A Índia, outro país que chama a atenção, está em quarto em pedidos de dados: 1061, e em terceiro nas remoções de conteúdo: 141, excluída a única demanda judicial. O google afirma que os números altos de remoção de conteúdo de Brasil e Índia se devem à popularidade do Orkut, no qual removem casos alegados de fakes e de difamação. Realmente, retirando os 119 casos orkutianos da estatística indiana, os 141 caem para 22 casos.
Agora o que interessa: o Brasil lidera o ranking de pedidos de dados de usuários: foram 3663 em seis meses; e 126 pedidos de remoção (retirando-se, como sempre as ordens judiciais), retirando o igual número indiano de 119 casos orkutianos, ficamos com 7.
Podemos inferir dos dados que: o Brasil não exerce mais censura (remoção de conteúdo) na Internet do que Índia, mas exerce muito mais do que Alemanha, Inglaterra e: EUA, um país que está em guerra e deve ter a maior quantidade de anti-americanos reunidas sob o mesmo solo depois do Oriente Médio, em que se pese a condição de maior quantidade de conteúdo e usuários sob os serviços Google. Também vemos que é um governo mais ‘bisbilhoteiro’ que os próprios EUA!
Essa ferramenta da empresa de Mountain View nos dá uma imagem do que ela enfrenta diariamente com os governos, mas ainda com panos quentes. Afirma que a quantidade de pedidos para retirada de conteúdo com discurso político formaram pequeno percentual ao longo dos anos; mas que foram justamente esses casos que mais geraram debates entre o requeredor e a empresa. Digo panos quentes porque uma empresa das dimensões que falamos já deve ter percebido que o futuro da liberdade na Internet é ameaçado constantemente, dia a dia. Sou levado a crer que, embora essas ações possam pareçam pontuais, possuem pontos em comum em seus objetivos que a teoria das probabilidades não as colocaria como tal movimento mundial coeso quanto a fins nem em um milhão de anos.
Google tomou um passo para evitar a censura da internet, mas tenho que ser responsável em dizer que mesmo afirmando que o governo brasileiro é mais bisbilhoteiro e censura mais do que os demais, isso não pode ser deduzido dos números que gastei tantos parágrafos trabalhando. A Censura está ali, o controle dos dados dos usuários também estão ali – naqueles números. Mas a saber quantos são, é difícil, os números que joguei ali, comparei, reduzi casos judiciais são só uma tentativa de mostrar o que pode ser matéria de censura, mas não o que é. Isso não poderemos aferir de uma ferramenta não-compreensiva como o Government Requests jamais.
É hora de voltar o título deste texto! Há quem possa sim com o Brasil na censura, Cuba, China e Coréia do Norte que o digam; mas não são sociedades livres!. Embora às vezes eu acredite que a Rússia esteja rivalizando com o Brasil de perto, por motivos óbvios. Mas com essa ressalva, talvez, posso dizer que com o Brasil ninguém possa porque nenhum governo se saiu melhor do que o do Lula em calar os comentários políticos e, fazer a melhor política possível: censura e desinformação!
Esse governo se mostrou mais eficiente que seus inimigos de 64: sem nenhum medo de parecer presunçoso, aconselha o que a mídia deve dizer. Ou então, mafia style, manda “recados”:
Bem compreendo que o filho do Nelson Piquet só veja o pai xingando em ocasiões determinadas: é porque são esses fanfarrões que nos levam rumo ao futuro, e sempre em direção a ele!
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Igreja Católica: Construtora da Civilização |
A situação atual da Igreja Católica é difícil: no meio dos ataques ateístas mais despropositados, de uma briga entre ciência e religião que jamais ocorreu, ainda passando pelo estabelecimento dos dogmas para manter um corpo milenar de tradição e recebendo críticas justamente por querer se manter coesa com sua própria história e chegando às imposições secularistas(!) numa instituição que não se pauta pelo Estado Moderno (Dio santi! É anterior a ele), ela ainda conta com diversos pilares que se veem erodidos por dentro: doutrinas humanas se misturando à Palavra, degradação interna premeditada, além do ridículo debate em torno da camisinha e imputações das mais confusas e absurdas. Quando vejo a palavra “males” no discurso de alguém já fico com papel higiênico na mão, esperando a merda sair… parece que 90% das vezes que alguém tenta estabelecer as “causas” ou “propulsores” dos males modernos vale o blame America first, e quando essa obsessão antiamericana não se aplica, então pega-se qualquer porrete pra cima da Igreja Católica – como se não fosse pouco, aproveitam pra pegar toda a cristandade evangélica de tabela; resultado: são culpados de TODOS os crimes.
No semestre que se fechou fiz um trabalho sobre Usura na disciplina de História Medieval. O tema é razoavelmente delicado e complexo. Numa exposição descuidada e, – devo dizer – razoavelmente manchada por incapacidade e/ou desonestidade intelectual oriunda das mais comuns ideologias da modernidade, ter-se ia uma visão esquartejada do tema. Além de uma boa quantidade de anacronismos absorvidos no quadro geral de interpretação histórica e ainda uma falta de informação tão tremenda que se alguém fosse interpelado sobre o tema, sua resposta seria tão superficialmente abstrativa quanto incapaz de explicar o fenômeno (e sua relação com a Igreja) no contexto em que se insere.
Pra resolver o problema mediante a pequena bibliografia e o tempo menor ainda o jeito que encontrei foi esticar a cronologia: no passado pra buscar as mais antigas execrações da usura – fora do cristianismo; e no futuro (da Idade Média, leia-se séculos XVI e XVII) pra buscar uma aberta defesa ao livre mercado pelos escolásticos tardios. Isso seria pior do que os efeitos descritos no parágrafo anterior se fossem despropositados. Não foram, é claro. Foi uma tentativa de mostrar como um pensamento que evolui lentamente se forçou a vulgarizar igualmente de forma lenta para absorver as mudanças do mundo e amparando seu discurso nas Escrituras e na tradição já fundamentada nos diversos concílios.
Ciente de que uma defesa do capitalismo pelos padres do século XVI não equivale, sequer, à liberação tácita da usura, tentei mostrar como uma posição que nos parece estranha hoje designa a evolução e transformação da mentalidade da Igreja e da sociedade durante os séculos finais do medievo. A usura passaria mais de uma categoria de trabalho para uma categoria moral que se aplica mais ao bel-prazer de quem identifica um usurário do que dele se vale. A usura não é o tema deste tópico, a uso para situar um dos temas em que o debate que exporei se dá. Uma fonte interessante para o tema foi a dissertação de Rodrigo da Costa Dominguez, Mercadores-banqueiros e Cambistas no Portugal dos séculos XIV-XV; e mais ainda o livro de Jesús Huerta de Soto, Escola Austríaca: Mercado e criatividade empresarial. Pra quem deseja saber mais sobre, há o igualmente recente The Church and the Market: A Catholic Defense of the Free Economy, (sem tradução) de Thomas E. Woods.
E é o mesmo autor e sua obra que quero trazer à discussão. Com currículo portando os nomes de Harvard e Columbia, o Historiador é um católico que, no ambiente acadêmico dos EUA luta para desfazer muito do que passou pela historiografia como válido e concreto. O interessante sobre ele é que (pra usar uma analogia que ele mesmo usou) não basta apagar os incêndios que se espalharam pela História, mas reconstruir o edifício. Não adianta mostrar a falha, a falácia, a desonestidade intelectual que virou fonte crível, mas mostrar porque a a falha, a falácia, a inconsistência histórica são absurdos materiais – visto pelas fontes e relações de estudos sérios.
Nesse ponto acho que Thomas Woods chama muito atenção de seu interlocutor para a quantidade de historiadores e historiadores da ciência que estão revendo certas questões. Pra mim, se um estudo é feito com intellektuelle Rechtschaffenheit (Honestidade intelectual) weberiana, então já é válido pra ser posto à prova da dialéctica. Afinal, foi justamente o sentimento de patotinha que evitou certos questionamentos sobre obras do passado – o que fez com que os autores, escrevendo bobagens tamanhas, fossem levados a sério.
O último livro de Woods é uma explicação (ao que parece bem articulada) duma visão da crise de 2008 como a que descrevi ”Nova” visão sobre a crise e o Estado – defendendo o não-resgate das empresas pelo governo como verdadeira ação capitalista e chama a História a seu favor (talvez seja matéria de post ulterior). Escreveu dois sobre a História e Tradição da Igreja Católica, e mais uns dois sobre História Americana, inclusive um Guia Politicamente Incorreto da História Americana, também sem tradução; mas pelo menos temos o nosso. O livro de maior importância do scholar é Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental, editado aqui pela Quadrante.
Eu já estava de olho no livro logo antes semestre passado – mas por alguma incrível incompetência eu não achei a tradução na época, portanto não li o livro ainda (se alguém quiser me presentear no aniversário
). Mas acredito que seus principais argumentos estão expostos numa série documental de 12 episódios gravados recentemente. Só achei 6 episódios legendados em português: aproveitem!
Para os católicos a relação entre Igreja e Civilização (há os que preferem cultura, apesar do sentido ser diferente) é há muito sabida. Mas isso parece ficar reduzido a alguns poucos argumentos e poucos praticantes que se deram o trabalho de conhecer e estudar a fundo a História de sua religião. Nesse sentido o escrito de Woods é um trabalho de divulgação, especialmente quando se leva os vídeos em conta. É um chamado à essa área de estudo, conclamando Historiadores da Ciência a pesquisar sobre os desenvolvimentos científicos que a Igreja levou a cabo conjuntamente com o desenvolvimento filosófico e teológico durante toda a sua História e especialmente na Idade Média.
Não quero adiantar os argumentos do autor, especialmente porque sua demonstração histórica mais concisa está no livro ainda não lido por mim. Mas ao que me parece ele não se furta de falar da Inquisição, Galileu, Astronomia, Química e muitas outras áreas de estudo – inclusive a economia – que se não surgiram dentro da hierarquia da Igreja, teve seu maior impulso especulativo justamente sob o clérigo. A noção final que se tem é que: sem toda a imensa contribuição católica jamais haveria Ciência como um método rigoroso que veio a se tornar sob Bacon; ou caso houvesse ciência sem catolicismo, então teríamos uma ciência do Século XXI que estaria próximo à ciência que tínhamos o Século XIX – é a minha visão.
Sem prejuízo ao meu escrito, quero dizer que não sou, jamais fui, católico. Pra mim é irrelevante dizer isso: para o conteúdo e importância desse post e da obra a qual se refere, não fede nem cheira. Mas numa cultura onde todo mundo está acostumado a falar pro domo sua, talvez seja uma ressalva importante, afinal. No mais, conclamo meus colegas estudiosos da História que se deem ao trabalho de conhecer um pouco mais da Igreja e seus feitos por quem sabe o que fala e que não se preocupa em citar fontes só “de dentro”. Farei isso o mais breve possível, e caso alguma outra mudança se produza em meu espírito, relatarei o caso de maneira mais descritiva (porém aproximada) do que fiz n’A Batalha do Apocalipse: o Épico Nacional. Para o engrandecimento intelectual e pessoal de vocês, sugiro que façam o mesmo! Até.
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A Batalha do Apocalipse: o épico nacional |
Embora eu acredite que até 2012 muita merda coisa possa acontecer (inclusive uma crise financeira de tons mais amargos que a de 2008), o fim do mundo não virá, mesmo que coisas muito tensas ocorram. Não pensando no calendário maia nem em outra profecia que não a da Bíblia e do Talmude, Eduardo Spohr alcançou o que poucos escritores brasileiros conseguiram: escreveu um verdadeiro épico.
O livro não é exatamente novo, está na lábia dos nerds há uns dois anos. Mas desde então não possuía uma editora. Mesmo que o único local de venda tenha sido a própria NerdStore (e nenhum outro), o livro fez um case incrível: passa mais tempo indisponível do que à venda. Sua primeira tiragem esgotou em 5 horas, a segunda (a que eu adquiri o livro) durou só algumas semanas; desde então se passaram meses para uma nova remessa que terminou por revelar-se uma nova edição: pequenas modificações no texto, nova capa, glossários e linha do tempo e um selo que revela o empreendedorismo dos nerds: se nenhuma editora de respeito se deu o trabalho de lançar A Batalha do Apocalipse, que fizessem eles mesmos o trabalho e ganhassem o dinheiro com isso.
A Batalha do Apocalipse – Da Queda dos Anjos ao Crepúsculo do Mundo é maravilhoso tanto em sua ficção quanto na forma em que veio a ser escrito e que nos chega. O empreendedorismo, a vontade de fazer algo bem feito e a atenção do autor para com seus leitores e fãs são fundamentais para o sucesso da obra. Spohr mantém o blog Filosofia Nerd, onde inclusive elaborou um tutorial para se ler ABdA. Quanto ao conteúdo da obra digo: é magnífico! Acredito que tem material para ser considerado um divisor de águas no mercado editorial brasileiro. O gênero de fantasia vende muito por aqui com Tolkien, Bernard Cornwell e Conn Iggulden (e muitos outros), mas pouquíssimos autores nacionais – ABdA mudará isso em termos de Best selling.
Não farei uma sinopse ou mesmo resenha do livro, encorajando que o transeunte que tropece neste blog entre no site e explore por si mesmo. Depois voltando aqui para ver alguns motivos que fazem deste um dos melhores livros que já li: 1) É um épico, e não uma mera narrativa longa (romance) com vários personagens; isso implica em personagens profundos que se modificam com o passar do tempo e realizam feitos grandiosos. É de uma emoção só, grudar nas páginas e ler as 500 páginas em 2 dias. 2) É um livro que percorre a História! Isso já seria o suficiente pra ganhar no mínimo o sorriso dum estudante de História. “A Batalha” nos faz babar com Babilônia, ficar extasiados com Roma, incontrolados com Bizâncio e imersos no feudal europeu e no “medievo oriental” – além da tensão e, pior, a possibilidade da contemporaneidade ser realmente apocalíptica. 3) Como se já não fosse o suficiente, é muitíssimo bem escrito, penetrante e cativante, tenso e instrutivo. Tudo ao mesmo tempo e aos poucos: nos permite conhecer mais sobre a “cultura do Antigo Testamento”, seus dizeres e profecias; dando sempre elementos fortes à imaginação e à mística.
Enquanto isso os conhecimentos de Spohr vão lhe garantindo uma vida em torno da literatura, me parece: deu um curso de Estrutura Literária e irá ministrá-lo mais uma vez. O universo também já rendeu um RPG.
Influenciado pelo estudioso de mitologia e religião comparada Joseph Campbell[[W]] (o “mentor” de George Lucas), Eduardo Spohr utiliza o melhor da Jornada do Herói[[W]] para criar Ablon e seu enredo, ficando à sua subjetividade e seu cuidado em cercar tudo isso num universo verossímil, excitante e amplo às possibilidades literárias – o que significa que, mesmo que ABdA perpasse toda a “História”, há chance pra muitos livros, heróis e narrativas se encaixarem nesse universo. O autor já me disse, e repetiu para todos que, uma vez deslanchado ABdA, ele poderia se dedicar a escrever mais nesse universo. Com esta nova edição lançada na NerdStore – que se esgotou ainda na pré-venda – o caso está sendo resolvido (espero).
É por isso então que me junto a uma blogosfera gigantesca de nerds e demais leitores que desde 2007 reverberam a qualidade e a importância de “A Batalha do Apocalipse”. Vale a pena ;)
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Editorial(?) - Pra começar uma década |
Gostaria de pedir desculpas. Em Até o Chuck Norris Tremeu expus um tema que julgo importante para nossa história recente; continuei o tema no post seguinte: Notas para “O início [que] está próximo”, abordando como esse tema chega a nós pelo mainstream e especialmente pela internet – que tem a possibilidade de se abrir para além dos horizontes da mainstream media. Meu objetivo era escrever um último post expondo tudo que vejo como importante e reafirmador do discurso do COP15 e deixar o assunto do ambientalismo político (que já me tomaria então 4 posts) de lado, até que os efeitos da reunião pudessem ser analisados novamente, tomado sob seus frutos. Mas a descrição da árvore falhou; e por dois motivos: falta de tempo minha (provas e trabalhos de final de semestre) e extensão do tema. O resultado foi que quanto mais juntava material útil ao artigo, maior ele ficava. Já estava com 17 parágrafos e umas 1.500 palavras (o tamanho de um conto) e nem havia chegado à metade do caminho expositivo e muito menos das minhas conclusões. A reunião passou e escrever o que escrevi naquele tom faria as coisas soarem um pouco deslocadas: desisti do artigo.
Um ponto interessante é que eram tantas as fontes e “subtemas” que iria citar ali que agora me permitirei abordá-las pouco a pouco. Pra finalizar – por hora – o assunto sobre ambientalismo, eu gostaria de substituir mil palavras do artigo que estava escrevendo por uma figura do mega-geek Randall Munroe do xkcd[[W]]. Só acredito que o esforço quixotesco é o que vai resultar em tripods, e não o contrário.
(cc) Randall Munroe. xkcd 2009 under Creative Commons Attribution-NonCommercial 2.5 License
Bom, este seria um bom momento pra postar algumas coisas novas, alguns livros com pouca penetração no Brasil, alguns insights que tive lendo ou aprendendo alguma coisa. Continuo prometendo que não farei promessas (dããã) de escrever mais e ficar pedindo desculpa por nunca conseguir. Postar mais seria desejável, mas ultimamente ando preferindo absorver informação do que divulgá-las. Esse egoísmo é necessário – evita que eu fale muitas bobagens; permite-me que eu fale um pouco só por vez. Afinal é isso ou eu fecho o blog pelos próximos 25 anos quando eu realmente terei informações suficientes pra ousar falar e saber que não há bobagens em nada.
Aaaanyway… fico por aqui – esperando trazer algo novo de História nas próximas blogagens e desejando um bom início de ano para todos. Só pra me satisfazer um pouco, deixo uma lição de vida.
(cc) Randall Munroe. xkcd 2009 under Creative Commons Attribution-NonCommercial 2.5 License. Tradução tirinhas.com sob Creative Commons Attribution-Noncommercial-Share Alike 2.5 Brazil
Hehehe! Até a próxima curva espacial.
Érick Delemon
Editor chefe
(hahahah)
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Notas para “O Início [que] está próximo” |
Notório que pouco depois de meu post anterior, os avisos de Chuck Norris se tornaram mais urgentes de serem ouvidos: O COP15 está com tudo. Pra quem teve brio de ler o post completo e talvez até ler os links de referência, já entendeu que o COP será a institucionalização do governo mundial – e ao contrário do que dizem – nada democrático. Seremos mais explícitos: de caráter socialista. Caso seja necessário uma exposição nesse sentido, poderei colocar em argumentos o porque um governo de caráter mundial e inicialmente querido de todos os governantes é socialista, mesmo com aniversário da queda de um muro muito grande numa cidade muito bonita! Este post é uma atualização, algumas notas do andamento da reunião que mudará o mundo – não por “finalmente” começar a dar fim no aquecimento global –, mas porque iniciará um governo mundial.
Bom, os avisos do mestre Norris valem a pena pelo fato de que a reunião de Dezembro em Copenhagen está com tudo. Têm um canal no YouTube. Um canal que acho engraçado, utiliza o recurso do “levante tua voz”, como se o COP (nome profético, com certeza será) fosse um aglutinador democrático de opiniões sobre, [flores] Como Construir um Mundo Melhor! [mel e leite em profusão].
Está com tudo: Google abraçou e beijou a causa! Com direito de ouvir Al Gore falando sobre Mudança Climática no Google Earth. Além das extensões YouTubianas do canal já citado: Debates da Juventude sobre Clima; em que se depara logo com a pergunta “Seus líderes políticos estão fazendo o suficiente com relação à mudança climática?”, obviamente a resposta Não ganha disparadamente. Uma vez tido como verdade absoluta, o aquecimento global jamais terá a atenção que merece até que seja proposto um órgão superior às nações para resolver especificamente este problema. E não é preciso que essa juventude entenda isso nesses exatos termos. Basta que lhe proponham isso sob a retórica de que – sendo um problema global – a solução só pode se dar globalmente; da mesma forma que a soma das partes de poluição de cada país produziu o malefício, só uma coisa que some todas as nações poderá resolver isso.
Agora, “somar” signifca sobrepor tudo – e como e impossível realmente representar todos os países do globo, com suas multifacetadas leis – o resultado será sempre uma imposição. Uma lei que não respeita as tradições de quem irá se submeter a ela (no Brasil isso é o dia a dia do Legislativo), e assim, ditadura. E repito: ditadura do dia pra noite! Consentida e abraçada por todos os queridinhos da Televisão e intelectuais de cada esquina acadêmica. A cada dia que passa Huxley se torna mais Admirável por ter visto o nosso Mundo Novo.
O Time for Climate Justice, reúne essa galera num vídeo digno dos melhores prêmios de publicidade. A cara de pau é tanta que defendem essa justiça climática com tanta naturalidade como quem teve um parente morto pede justiça à polícia. Eles podem pedir, e assinar acordos em cima desse conceito bizarro de justiça porque, para eles, bizarro é alguém não acreditar no maior dogma da esquerda política que existe: os países pobres assim o são porque são oprimidos!
Não tenho espaço pra expor a bizarrice disso aqui, mas é interessante quando me chamam de burro pra pior quando digo (como o Olavo) que não existe mais direita no Brasil – e que ela mingua no resto do mundo. Via de regra a direita questionaria essa pataquada de Galeano; mas cadê algum político que não tenha medo de discordar disso? Não existem. Somando-se à lavação cerebral a nivel cultural: aclamação por justiça e “debate” infrutífero de jovens, e ainda o Voto pela Terra (não se atreva a não defender sua terra).
Temos também o Projeto Florestas Tropicais do Príncipe; o que é bem elucidativo quanto a quem a ONU se alia e se apóia. Príncipe Charles será sempre suspeito para mim, as vezes sinto como se ele não estivesse satisfeito com a monarquia da Inglaterra… e que contador de árvores derrubadas absurdo! Este outro hotsite, por exemplo diz: “Em 7 de Dezembro se reúnem […] para decidir o destino do nosso planeta” (ênfase minha) Realmente, o destino de todo planeta estará nas linhas dos documentos a serem assinados ali. E é aqui que entra o site mais importante: Feche o Negócio [Seal the Deal].
Vai ficando bem claro que a preocupação com o homem e o planeta são plano de fundo para um imenso corpo político quando se lê por exemplo, a frase do atual secretário geral da ONU, Ban Ki-moon:
Esta iniciativa não somente demonstrará como florestas podem ter um importante papel como parte de um regime climático pós-2012. Também ajudará a construir muito da confiança necessária à comunidade global para apoiar a implementação de um inclusivo, ambicioso e compreensivo regime climático, uma vez que for ratificado. [1] (grifos meus)
Por inclusivo, eu entendo que incluirá todas as nações sob seu comando, por compreensivo só entendo que será compreensível aos que apóiam uma luta histérica contra o aquecimento global; a parte ambiciosa do regime eu entendo – e agora não temem chamar de regime. Veja a clareza dessas palavras sobre um “acordo ideal”: “Um eficiente mecanismo institucional para desembolsar fundos e uma justa, responsável, estrutura de governo.” [2]
E daí vai só piorando. Mas claro: com quilos de vaselina, KY e gentileza de quem pode enrabar o mundo inteiro em breve. Farei mais considerações sobre assunto muito em breve, este, porá fim ao assunto do governo mundial, eles o querem, é fato. E de tudo farão para isso, como mostrarei. Por enquanto fiquem com essas notas, que constam na mídia somente como genérico que aglutina todos os fronts em que o ambientalismo atua sob o aval da ONU.
[1] – "The battle against climate change cannot be won without the world’s forests - this is now clear. This initiative will not only demonstrate how forests can have an important role as part of a post-2012 climate regime. It will also help build much needed confidence that the world community is ready to support the implementation of an inclusive, ambitious and comprehensive climate regime once it is ratified"
[2] – "An efficient institutional mechanism for disbursing funds and an equitable, accountable, governance structure"